sexta-feira, 30 de abril de 2010

F...

Eu não sei como tudo aconteceu, tampouco quando começou a acontecer. Sei apenas que minha razão, em alguns segundos, sobrepôs-se ao meu coração, e, exatamente nesse pulsar do tempo, eu decidi aceitar o que gritava aos meus olhos, não obstante a minha recusa em enxergar. Então, despi-me de você. Não somente da roupa, mas do cheiro, do toque, da voz, da ausência, da presença, enfim, fiquei nua de você. E agora é assim que vou à rua. É assim que vou à vida. Vida que um dia eu sonhei contigo, mas por motivos irrelevantes (não para mim), quase me levaram à morte. Por isso decidi viver, ainda que para isso eu saiba que pedaços desse amor permanecerão jogados pelos incontáveis caminhos que costumávamos passar. Era assim, não era? Com você, eu ia do luxo ao lixo, da alegria à tristeza, do prazer à dor, da dor à cura, da cura à loucura, da loucura à sensatez, do céu ao inferno, mas eu, simplesmente, ia. Ia a qualquer lugar do mundo porque você estaria lá. Agora eu quero ficar. Agora ficarei bem aqui, quietinha, enquanto lá se vão nossos planos agarrados à minha antiga pele, aquela que você tocou. Com o tempo, você será apenas uma imagem. A imagem de um amor despedaçado, maltratado e perdido em vias que não se cruzarão mais. Amor que eu não quero mais sentir. Amor que será recordado somente por lembranças, e quem sabe um dia, nem mesmo por elas mais.